O Brain Dump é o método no qual você organiza todos os pensamentos desordenados que passam por sua cabeça.
Imagine-se tirando sua cabeça do pescoço e chacoalhando tudo de dentro dele sobre o papel, ou nuvem, Brain Dump é sobre isso.
Não sei quanto a você, mas muitas vezes tenho tantos pensamentos passando pela minha cabeça ao mesmo tempo que pode parecer esmagador. O grande segredo de um criativo é saber como organizar essas ideias para que elas se tornem produtivas e não apenas ideias.
Antes de apresentar o método para organização das ideias dentro da sua cabecinha e ajudar você a se concentrar nas coisas que precisam ser feitas, vamos falar sobre como ter mais ideias.
Seu cérebro é um músculo
Isso é uma metáfora (figura de linguagem em que se transfere o nome de uma coisa para outra com a qual é possível estabelecer uma relação de comparação), o seu cérebro não é um músculo de verdade. Essa é uma analogia (relação de semelhança entre coisas ou fatos distintos) para explicar mais como você pode exercitá-lo, assim como quando treina ocorre com os músculos.
E porque eu expliquei dois termos aqui no início deste parágrafo? Porque o treino já começou!
O cérebro tem plasticidade, ele é moldável de acordo com as experiências individuais. Ele já está gerando associações e fazendo conexões. Este, aliás, é outro bom método, o que está absorvendo aqui, assim como quando assiste aulas, lê livros, assiste Netflix, escuta um podcast ou simplesmente observa algo na natureza, tudo é aplicável.
Quando George Orwell viu um garoto em uma carroça puxada por um burro, ele se perguntou: e se os animais percebessem a força que têm? Nascia ali A Revolução dos Bichos, um dos best-sellers mais lidos de todos os tempos.
No ano passado tivemos o prazer de ter conosco batendo um papo, Henry Mandelbaum, que na época estava como Creative Lead na Picpay e atualmente está como Senior Creative Copywriter na VMLY&R, resultado da fusão da VML, uma agência digital, com a Young & Rubicam, que recomendou aos criativos 2 horas de leitura sobre… QUALQUER COISA! É isso, qualquer coisa que você absorva faz com o que você não seja o mesmo de antes.
Criatividade é uma questão de sorte?
Ser criativo não é uma questão de sorte, mas sim de método.
Segundo o psicólogo Keith Sawyer, autor do livro Explicando a Criatividade, não importa qual seja o seu método para ter mais ideias, o importante é a dedicação, não a genialidade.
A abordagem de Sawyer no livro é interdisciplinar. Ele vai além do indivíduo para considerar os contextos sociais e culturais da criatividade, incluindo o papel da colaboração no processo criativo. Explicando a Criatividade considera não apenas artes como pintura e escrita, mas também ciência, performance de palco, inovação nos negócios e criatividade na vida cotidiana, mais uma vez tudo conta.
Pense em alguém lhe servindo uma taça de vinho tinto. O que lhe vem à mente quando você vê essa taça? No primeiro instante o óbvio, o que está posto. Pense nela por mais alguns minutos… O que vem a sua mente agora? – Tente fazer este exercício antes de seguir –
Do meu ponto de vista, penso ser um vinho chileno por ser tinto, uma associação que a mim seria comum (tá difícil chegar nos europeus com o preço do euro). Ao pensar em tinto, penso na cor e assim penso no sangue derramado pela ditadura que por anos devastou o Chile, e assim por diante, sempre em ciclos.
Isso acontece porque a bagagem que o meu cérebro traz faz com que eu me lembre dessas coisas quando um gatilho é disparado, por isso toda informação nova é válida. Só se cria algo a partir de experiências anteriores. Diz o ditado, certeiro: Para quem só conhece martelo, todo parafuso é prego.
O poder da associação de ideias e o DNA inovador
Associação de idéias é a tendência de um fato sugerir outro fato. A associação livre pode te ajudar a aumentar sua criatividade. A associação livre pode ser entendida como um fluxo de ideias sem censura. Tudo que vem à mente, conta como um pensamento ou ideia importante. Use a associação livre de ideias em momentos como reuniões com a equipe; brainstorm ou simplesmente quando você estiver refletindo sobre algo importante. Não deixe a sua mente presa e faça com que o seu cérebro seja sempre estimulado para ser mais criativo. Acredite, os resultados são incríveis e muito promissores!
Na obra, DNA do Inovador, Dominando as 5 habilidades dos inovadores de ruptura, os autores Clayton Christensen, Hal Gregersen e Jeff Dyer destacam que a criatividade é composta por cinco elementos:
- Associação
- Questionamento
- Observação
- Networking
- Experimentação
Das 5 apenas networking não parece ser tão óbvia, então explico: networking significa trazer outras pessoas e ideias novas para dentro da sua vida, simplesmente conversar com pessoas de outras áreas que não a sua, ouvir, relacionar-se.
Destaco outro ponto não relacionado pelos autores: Diversidade. Esse tópico é uma via de mão dupla, se a empresa prezar pela diversidade na equipe, a mesma desenvolverá a diversidade em termos de entregas e soluções. Dessa forma, novos caminhos aparecem da heterogeneidade dos envolvidos no processo: não é possível alcançar inovação e diversidade de ideias se todos no ambiente tiverem vivências e personalidades similares. É a partir de visões externas que nosso aprendizado impulsiona, ninguém evolui se permanecer sempre com o mesmo mindset.
A palavra-chave é: Curiosidade
A característica do ser criativo é se interessar por coisas, encantar-se por coisas, ser curioso. É possível sim, aprender a ser criativo, permita-se e deixe a curiosidade se manifestar. Uma coisa que sempre reforço é: criatividade é prática! Busque inspiração em informações e tenha a sensibilidade de percebê-las de forma diferente. Não é dom, é habilidade.
Por fim (desta parte) a metáfora “o cérebro é um músculo” tem o seu valor quando, a partir dela, nos conscientizamos de que, ao mesmo tempo em que temos que “exercitá-lo”, também precisamos dar um descanso a ele, pois ele também pode entrar em uma espécie de fadiga, assim como o seu músculo depois de um treino pesado.
Planeje sempre o próximo passo
Inovação é sinônimo de criatividade. E que empresa não gostaria de prezar pela inovação nos tempos atuais? Nossa tagline aqui não é Criamos Futuro à toa.
Inovação e criatividade são sinônimos, mas e se essas duas palavras juntas nos levar a pensar em invenção?
Geralmente, quando se fala em inovação logo nos vem em mente tecnologia, porém inovação é um conceito econômico que depende da implementação no mercado, ou seja, só é inovação se o mercado o considera como tal. A invenção é uma nova ideia. Dessa forma, a inovação é uma invenção que vira sucesso. Cabe salientar que Criatividade e Inovação não tem nenhuma ligação comprovada com algum talento nato, mais uma vez: é treino.
No Conteúdo, área que eu lidero aqui na GH, nós somos todos criativos, mas entre os muitos entregáveis de nossa lista, pensando nos que mais exigem criatividade, destacaria: Naming, Roteiro e Campanhas.
Uma das metodologias que usamos para criar as peças listadas acima e outras estão à sua espera ao final do artigo. Não deixe de ler até a última linha.
Você já tem uma ideia agora de como ter ideias, agora vem o grande segredo que faz de você um profissional criativo exímio: Seja capaz de reunir ideias e pensamentos para definir as próximas ações, com um pouco de protagonismo, é possível se tornar o próprio condutor do processo criativo em equipe.
Muitos são os métodos para essa organização, sendo alguns deles: ConceptBoard, Brainstorming, MindMeister, Mural e Brain dump. Com ele você pode fazer conexões entre seus pensamentos, ver como as coisas estão interligadas e elaborar um plano de ação para seguir em frente.
Brain Dump: Qual é o seu processo para escrever conteúdo
Brain dump, o download da sua mente. Despejos cerebrais são essenciais para a clareza mental. Um despejo de cérebro começa escrevendo uma lista em nenhuma ordem específica. Você escreve o que vem à mente sem se filtrar. Então você organiza sua lista por prioridade.
Comece com caneta e papel (eu ainda prefiro), mas você pode abrir um doc online, ah! bloco de notas do celular também vale
O dumping cerebral pode ser uma técnica simples, mas é algo que você realmente não deve subestimar. A chave para um grande despejo de cérebro é anotar tudo – não importa quão grande, pequeno ou irrelevante possa parecer no momento. O importante é que você não pare e pense sobre o que está fazendo, nem tente colocar qualquer sentido de ordem nisso, você está simplesmente tirando tudo da sua cabeça.
Durante um tempo, deixe sua mente fazer livres associações e vá anotando, é importante anotar porque a visualização pode te levar a novos insights. Aqui é a lavagem da sua mente, o download das ideias. No caso de um Naming sugiro em colunas também para melhor visualização. O que difere um profissional júnior do sênior é a quantidade de páginas x qualidade do entregável (Obrigada mais uma vez, Henry!)
Quanto tempo? Você decide. Você saberá quando tiver feito o suficiente
No caso de um roteiro, resuma primeiro em um parágrafo e depois vá destrinchando, gaste o seu tempo na ideia, no valor que a ideia tem, algo que se resuma a um parágrafo e depois estruture.
No caso de campanhas, faça associações livres de palavras, pense em derivações da palavra-chave do briefing, puxa uma, faça outras e com as palavras de impacto já definidas, puxe uma ideia para cada palavra, a definição de uma peça ou canal para cada, o que melhor se encaixar no público-alvo.
O ato físico de colocar seus pensamentos de lado pode ajudá-lo a obter clareza e foco – e não apenas porque você está liberando um pouco de espaço na cabeça para poder pensar direito! Quando você anota cada pensamento aleatório que está flutuando em sua cabeça, muitas vezes você obtém insights sobre por que se sente do jeito que se sente ou o que o impede de tentar algo novo.
Faça uma revisão
Depois de deixar a sua mente andar livre, leve e solta, faça seu crivo. Entenda tão bem o que você faz para ter discernimento suficiente do que é uma boa ideia e do que definitivamente não é. Faça sua revisão geral, ortografia e conceito, mas principalmente conte com alguém de confiança para revisar também.
O Brain Dump é uma ferramenta simples, mas poderosa, para controlar planos e ideias criativas. A maioria das pessoas tem a cabeça cheia de pensamentos de um dia de trabalho agitado, o que as impede de pensar em outras coisas. Com o Brain Dump, eles são forçados a fazer isso e escrever todo tipo de coisa.
O que você acha? O método Brain Dump é aplicável em seu trabalho diário?
Você tem um processo para escrever seu conteúdo? O meu é bem simples, eu apenas sento e deixo fluir. Quando termino, edito, vejo onde preciso aparar as coisas e onde preciso aumentar as coisas e, por último, penso na estética.
O segredo a ser revelado é que às vezes faço Brain Dump mesmo sem ter algo destinado ali naquele momento. Apenas pontos rápidos para obter a ideia, faço isso sempre no bloco de notas do celular porque às vezes elas aparecem quando não estou pensando em nada.
Um dump do cérebro é uma ótima maneira de acessar pensamentos e ideias conscientes que você tem. No entanto, o processo de diminuir esses pensamentos também trará pensamentos inconscientes relacionados.
É por isso que as pessoas criativas gostam de fazer mapas mentais e despejar o cérebro – é uma maneira rápida de descobrir essas ideias e joias escondidas em sua cabeça.
Espero que a sua experiência com essa metodologia ajude a despertar sua criatividade no dia a dia. Conta pra mim lá no LinkedIn!